Eu era ambulante, vendedor de balas em 2002 até 2004 num farol da Benjamim com Regente Feijó no centro. Ninguém acreditava em mim pra fazer bosta nenhuma; para muitos eu só sabia vender balas e usar drogas debaixo da ponte.
Aconteciam pouquíssimas coisas boas, mas soube aproveitar. Almoçava no Bom-Prato, que é perto do Terminal Central daqui, andava nos camelôs e tinha minha vida de ambulante pelo centro. Recebia algumas oportunidades de emprego que mais pareciam trabalho escravo, e nos Rh's fui tratado como se fosse escravo: 15 dias de serviço aqui e depois dispensa; 3 meses depois era a mesma coisa; a carteira ficando "suja" e o tempo passando.
Antes mesmo de tudo isso, Não tive uma boa convivência com o padrasto em casa; nem com os colegas de classe na escola. Pior ainda nas ruas onde morei. Na escola, de 1994 a 2002 eu era apelidado sucessivamente com nome de bichos por causa da cor da pele. Os professores e diretores sabiam dos ataques mas nada faziam. E em casa o padrasto batia por ser um bêbado varrido; e na igreja eu mentia a todos dizendo que estava tudo bem. Nas ruas onde vivi o racismo era tratado como algo normal e nada preocupante por ser "brincadeiras de criança". Nada estava bem... vivia neste engano... durante vagarosos anos.
Em 2004 fui para o exército, aprendo o bastante para ser um bom soldado [e algumas particularidades de atleta , mas ainda nem sabia desta capacidade]. Cumprindo meu tempo e de lá saindo, as coisas pioraram: enfrentei coisas absurdas do tipo cagadas de call center, fanatismo religioso, depósitos de carga com funcionários muitíssimo ignorantes, fui vítima de racismo, lugares que não aceitavam meu ponto de vista, nem o jeito de ser no trabalho, vizinhança, cursinho, enfim.
ANOS TERRÍVEIS...
Não vou contar tudo pois me dá tristeza; algumas coisas não devem ser lembradas.
Em 26/03/2006 decido fazer a 1ª corrida, sem consultar ninguém, baseado nos treinamentos de quartel. Não parei mais.
Só não estou mais feliz porque ainda passo por velhos problemas com racismo que essa cidade insiste em CONSERVAR, porque as pessoas daqui são assim. Pelo meu interesse em corridas de rua e também o número crescente de eventos entre os anos 2007 - 2009, pedi para algumas pessoas, atletas de elite, professores me treinarem naquela época; mas NÃO QUISERAM; e davam desculpas esfarrapadas. Não sei dizer se foi pela cor ou pelo desinteresse generalizado mas eu decidi abrir meu próprio caminho, dependendo só de Deus mesmo e crendo que um dia meu trabalho e objetivos seriam alcançados.
De tanta humilhação e pela tentativa de escapar desesperadamente da sombra das pessoas e ser humilhado por elas - pois essa era a idéia que algumas delas queriam que eu tivesse e que isso seria meu destino eterno - decidi criar para mim algo interessante, parecido como as grandes empresas fazem: logomarca, assinatura, logotipo; algo que o/a identifique poderosamente.
No exército todo soldado recém chegado recebe um nome de guerra extraído de seu próprio nome e um número de chamada, de fácil identificação.
O meu era 944.
Partiu daí a idéia de fazer disto uma assinatura, para me lembrar de onde saí (além de meus treinamentos serem de base militar, até hoje). A letra em japonês que fiz dela meu logotipo significa Justiça. Por causa de muitas coisas ruins abrirei meu próprio caminho e ninguém colocará em mim idéias racistas ou excludentes que me colocavam em situações em quase depressão.
Por causa desta linha de pensamento, estou onde estou hoje; não satisfeito mas ainda batalhando.
Tenho uma missão:
Que na área a qual escolhi atuar em serviço pela minha pátria conforme juramento em frente a bandeira; pedindo a meu Deus tais condições, terei o entendimento e o crescimento acadêmico, cientifico, literário, prático, poético, ético, cultural, social, físico e atlético, assim como conhecimentos paralelos medicinais, nutricionais, fisiológicos, psicológicos, da engenharia e do direito; aumentando os parâmetros do conhecimento e alcançando os objetivos concretos e estabelecidos.
Do qual preciso para ser um ser completo; como diziam os antigos: "Mente sã e corpo são".
Assim jogarei por terra todos os ataques racistas e carregados de preconceito sofridos nestes anos todos vindo de pessoas comuns e/ou influentes; envergonhando-as; provando assim que todos nesta terra SOMOS IGUAIS e o que as leis da carta magna da Constituição Federal sobre igualdade só serão cumpridas por cidadãos verdadeiros - o qual isto não me ocorreu - porém tive Resiliência suficiente para continuar a lutar e provar que todas as calúnias eram uma Mentira!
E lutarei até a morte se for preciso!
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E somente para aquele que respeitam o meu trabalho, e pela resiliência até agora; desejo:
E somente para aquele que respeitam o meu trabalho, e pela resiliência até agora; desejo:
Vida longa!
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