A escolha do esporte
que lhe agrada
O ser humano
foi criado para se movimentar. Para garantir isso, o corpo produz uma
substância chamada endorfina. Um hormônio transportado pelo sangue que
age no cérebro, gerando uma espécie de vício e movimento. Ela traz prazer e bem
estar durante e após qualquer atividade física.
Portanto, a Endorfina é:
Significado
de Endorfina
s.f.
Hormônio segregado pelo hipotálamo, de propriedades antálgica.
(Aurélio,
2013)
Significado
de Antálgico
adj. e s.m.
Que ou o que atenua ou corta a dor.
(Aurélio,
2013)
Este hormônio
aumenta durante o exercício, diretamente proporcional a intensidade e tempo de
duração do exercício, exatamente igual à morfina. Aumenta a concentração
[secreção] de dopamina e é um grande anestésico, dando uma grande sensação de
bem-estar. É uma droga exatamente igual e tão potente quanto à morfina; porém é
uma droga endógena (a própria pessoa produz).
Praticantes de
endurance fabricam muita endorfina e cria-se uma dependência do exercício e não
da endorfina; pois toda vez que se faz este exercício tem essa sensação de bem
estar. Os praticantes de academia também estão incluídos nesta situação. A
abstinência do exercício causa a falta da “droga’”, causando irritação, falta
de apetite, insônia, etc. quanto mais intenso o exercício, mais dependente da
endorfina se fica; isto é absolutamente normal.
A importância
deste hormônio é tão interessante que no quarto mês de gravidez a endorfina é
produzida e muito para que a mulher não sinta dores em demasiado. A quantidade
do hormônio que é presente no dia do parto é 3 vezes o tamanho do que há em um
maratonista quando corre dez mil metros (e mesmo assim há dor no parto).
O que o título
tem a ver com o hormônio em questão? Simples.
Como se sente
a pessoa que faz as coisas na obrigação? Que não sente gosto em suas tarefas,
que reclama daquela rotina, que sente cansaço desde a hora que esta naquele
local até a hora de sair? Fica emburrada, conversa pouco; em casos trabalhistas
enrola no banheiro, suspira fundo, arrasta os pés ao caminhar, o jeito de andar
fica diferente, sem jeito, sem vontade, desengonçado. Tensão nos nervos, a
testa fica “pesada”, o olhar ora distante, ora triste, ora estressado; a pessoa
se estressa, se fecha e se irrita de uma forma que quem a olha faz pensar ser
uma pessoa insuportável, chata, irritante, desunida e que não deve pertencer
aquele grupo ao qual está inserida.
Enfim,
inúmeras possibilidades podem ocorrer a uma pessoa que não deseja realizar
alguma tarefa ou qualquer coisa que não goste; porque é por obrigação, para
deixar alguém feliz (tipo casamentos arranjados ou de fachada), por disfarçar
algum sentimento alheio. Decisões que as pessoas tomam em seu dia-a-dia e que
isto lhe custará alguma coisa.
Não é muito
diferente da corrida. Ao mesmo tempo em que pessoas terminam a corrida em
lágrimas, outras em aplausos, outras esperando algum ente querido chegar,
outras porque mesmo fortes preferem acompanhar alguém mais lento e chegar junto
com ele; casais; pais e filhos; avos e netos; corredores de elite ao máximo de
seu ritmo, os que lutam para ser elite, os que brigam pelo quinto lugar ao
pódio; entre outros exemplos, percebe-se que na corrida ou em treinamentos,
pessoas emburradas por não gostarem disso.
Pergunto-me o
porquê elas estão ali.
Há alguns
meses estive em um estágio e escutava diferentes histórias e cheguei a
conclusões. Alunos estavam naquele grupo porque alguém indicou ou por algum
beneficio em outra modalidade física que, em uma espécie de “venda casada”,
teria outro acesso, por exemplo, musculação. Outros porque não tem o que fazer
em casa e buscam entretenimento; Outros nem sabem por que estão lá. Outros
porque achou o professor muito legal e receptivo, pois sendo imigrante sabe
levar as circunstancias em diálogos sensatos e por isso naquele nicho* todos
gostam dele. Porem no dia que ocorre a falta daquele professor, tais pessoas
não estão presentes na aula.
Pessoas
presentes na aula gostam da modalidade faça chuva ou faça sol. Pessoas
presentes na modalidade não veem empecilhos ou dificuldades; não fazem o
exercício na obrigação e não se sentem empurradas ou forçadas a estar lá; ela
sente gosto e prazer. Por isso a ação da endorfina em poucos minutos toma conta
daquela pessoa; como se fosse ao encontro de Deus e voltasse (declaração de um
participante de corridas).
Diferentemente
daquela que não só é forçada ou se sente obrigada por algum motivo a estar lá,
como vai reclamar do primeiro probleminha que aparecer; seja ele qual for. Até
um cisco é motivo para escândalos e cartinhas para coordenadores de academia,
com insatisfação a tal fato que ocorreu durante a aula. Nesta pessoa a ação da
endorfina nunca será 100% completa AINDA QUE orações e romarias ela faça no
meio do exercício. NUNCA irá funcionar pois ela mesma não esta desejando isto
de corpo e alma. Esta presa em uma espécie de prisão pessoal, cheia de
paradigmas e picuinhas, provavelmente não sabe se impor e não consegue definir
um rumo que, mais cedo ou mais tarde o ritmo em que se encontra a prejudicará.
Não só nas corridas com o fator lesão VS recuperação, mas em outras áreas da
vida.
Pior é quando
as reportagens de deficientes físicos em esportes parecidos com o que ela
pratica passam na TV, a faz fascinar; como se o exemplo de vida desta pessoa a
encantasse mas o efeito nunca resolveria; pois ela mesma parece não estar a fim
disto. Ainda que compartilhe este momento em uma conversa, logo o assunto muda
e o stress volta; esquecendo-se do que acabara de falar e do brilho que o
esporte trouxe a uma pessoa deficiente, perante o que a pessoa desinteressada,
desmotivada e obrigada não é: DEFICIENTE.
Então antes
que o leitor calce seu tênis e coloque a sua roupa de sempre, (a que acha que
vai correr e terá o trabalho de lavar depois), mesmo que leve seu MP3 e ouça
suas musicas favoritas (seja elas flash back ou os eletros de hoje em dia),
antes que gire a chave de sua casa, antes que decida ir de carro, antes que
levante da cama; pergunte se você deseja mesmo esta modalidade que emociona a
milhões, mas não a você que não está afim. Nunca esteve afim.
Não se engane;
não se limite. A vida é curta demais para que você faça coisas que não goste,
sendo que no mundo as modalidades esportivas são inúmeras e não é possível que
em nenhuma delas você se encaixe.
Ainda que a corrida
lhe seja interessante e mesmo assim não consiga se concentrar no exercício,
questione o porquê. Nestes estágios, observando, uma aluna que era mãe dizia
que seu corpo estava “correndo” e sua cabeça estava na “filha na brinquedoteca”.
Notando nela que não havia como dialogar, pois a mesma possuía um nervosismo
enorme de querer tomar seu banho e ir para casa logo cedo (isso no horário de
verão), nada fiz, mas pensei no fator “trabalho DELA”. Simples: não tem
paciência para correr; (cuidar de seu corpo; escolheu como modalidade a corrida
como qualidade de vida), pois se preocupa demais com a filha; mas e seu
trabalho onde a carga horária é de mais de 8 HORAS e a corrida duas vezes na
semana MENOS DE 40 MINUTOS? Com o fator “preocupação com a filha”, será que ela
trabalha corretamente? Nem correr ela consegue...? E a quanto tempo ela esta
neste emprego? Como ela consegue contornar esta situação todos os dias? Será
que na corrida ela esta por obrigação e não por gosto?
Há adaptações
que sim, levam tempo para ocorrerem; normalmente 6 meses para exercícios
aeróbios. Mas tais adaptações podem ser meramente aceleradas caso a pessoa
queira no fundo do coração dela a corrida como esporte que lhe agrada. O
conselho deste artigo é que a pessoa escolha a corrida como esporte que lhe
agrada, e que nele se sinta bem, ingressando neste mundo de descobertas,
lágrimas de felicidade, atos de superação esta pessoa mergulhe e sinta o que
milhões sentem todos os dias em vários horários ao longo do dia.
Endorfina?
Não; algo além
de um hormônio que funciona somente durante o exercício.
Liberdade.
A escolha do
esporte que lhe agrada traz uma sensação de liberdade. Isso não tem preço!
*nicho:
relativo a público-alvo
Agradeço a atenção!
Vida longa para todos!
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