Corrida do Oba

Foi um lançamento estrondoso. 
Deu muito o que falar...

Não sei qual foi o jeito que o marketing esportivo desta corrida foi feito mas sei lá... foi interessante. 

Mas outro fator  mudaria o curso da corrida na minha vida de novo. Se não acontecesse, o resultado de hoje viria mais tarde. Ou bem mais tarde. Ou nunca. 

Isso é o que interessa. O sucesso da corrida já foi; o que interessa foi a mudança que me fizeram!

O apoio com o patrocinador continuava; os acordos em conseguir algumas inscrições por mérito anterior o deixavam mais "tranqüilos" e na faculdade, havia um problema. Durante as aulas, me esclareci. Eu deveria fazer academia. Voltar a fazer academia. Eu sabia que precisava fazer um reforço muscular mas não sabia por onde. E aonde. O colega de classe indicou uma, que pertence a seu grande amigo. Que me apresentou este grande professor da foto. MARCOS ALMEIDA. 



As orientações dele duraram até a meia maratona do mesmo ano, até que desligou-se da academia e fiquei novamente sozinho. Treinando sozinho. Não sei dizer e não me recordo se ele entendeu minhas palavras no começo, e se depois de mim lidou com atletas mas o jeito de se portar era uma coisa impressionante. Até que enfim consegui falar com alguém que fale a minha língua, que goste das mesmas coisas mesmo que tenhamos treinamentos diferentes.



Naquele ano eu estreava uma série de bandanas e símbolos que escolhi aleatoriamente. Até que estabeleci o bordado como forma oficial de montar meu logotipo; coisa que o professor ficou de ensinar também: portfólio. 

O método de avaliação no dia foi emprestar o "polar" que ele tinha para ver qual a minha pulsação. E pela primeira vez na vida eu vim saber o que era polar e a importância do monitor cardíaco. 



Vira e mexe eu olhava o polar pra ver como que era. O Marcos, professor, deixou claro que eu devia correr como sempre corri. Não era pra mais ou pra menos. Devia "fazer o de sempre". 

E assim fui.




 Se eu disser que eu excedi na pulsação você acredita? Nem ele. Explicando como foi o meu começo, custou muito a ele acreditar mas acreditou. Eu não era o primeiro caso de um atleta que treina sozinho num país onde ninguém se importa tanto. 

Vou resumir uma parte. Ele determinou numa explicação (que tenho o papel todo rabiscado à lápis até hoje) que minha pulsação deveria ser até 180. Eu estava a 240. Se, pelas minhas sensações - que agora eu começava a me policiar - deduzi que a pulsação era forte demais, então posso estimar que a pulsação poderia ter atingido, nesses meses todos entre treinamentos e corridas a 260 batimentos cardíacos por minuto no máximo.

Eu fazia muita força pra correr. E não entendia isso. (E era como se eu não saísse "tanto" do lugar).

Ele disse que corri riscos. 
E eu não sabia. 


Este é o estado do atleta brasileiro. 

Tive a sorte de achar alguém especializado. Não era blogueiro que não corre, não era professor que não corre, não era um cara que me olha e fala "hoje não dá porque você é fraco e burro". Dava pra confiar! A gente vê na pessoa que ela vive o que faz! Se vive sabe falar! Damos crédito. O corpo fala.

E com certeza meu corpo falou que estava no limite e me matando. Por uma causa ou por coisas que não viriam porque a forma que o "atletismo" e o esporte é tratado está errada. Com certeza o professor viu isso e "tomou as rédeas". Ou eu morria. 

E ainda provou que, dando aulas de musculação, natação, corrida e pilates não se perde o foco nem a qualidade do serviço. Mano, na minha cabeça eu queria ser o xerox dele! Quando eu me formasse. Mas .... enfim. Aprendi. E muito.


 E se um dia ele não me fala sobre a importância da freqüência cardíaca, eu continuaria na mesma "vibe" de antes. Porque eu não iria parar de correr e continuaria a abrir meu próprio caminho; pronto e acabou! Mas Uma hora ia dar merda. Lá em cima, na "monte Belo", "Embratel", "Jaguari"...... imagina eu lá tendo infarto porque não fui orientado? E quando eu peço orientação o preconceito impregnado da cidade não deixa?

Lá, nesses lugares, não passa ninguém.

Era foda!




O polar que emprestou e depois me deu, explorei todas as possibilidades de pulsações e variações da freqüência cardíaca em Joaquim Egídio inteiro!. E em todas as condições climáticas. Aprendi a me controlar e ver que horas o corpo reclama e era um sinal de aviso e não só ignorar por me achar fraco o bastante ou por "deixar de ser homem" porque dói alguma coisa.

Nem todo treinamento de quartel estava me servindo. E não era só a questão da força e do método de corrida. 


O que ele me fez entender era que eu era um carro velho acostumado a fazer força, muita força, no tranco e de uma vez só. E uma hora iria travar. 

Custei a entender a explicação dele. Foi difícil. Mas com o tempo, olhando e olhando o desenho, fui entendendo E PRATICANDO.



Outra coisa que aprendi a fazer é RESPIRAR! Creio que toda santa vez que nos falávamos somente na academia, era uma sensação nova que acontecia.

Nos treinamentos, As extremidades do pulmão foram exploradas e trabalhadas. A pressão abaixou, a ponto da mulherada do postinho achar que eu tinha anemia. O ar doce logo cedo era e é diferente do de meio-dia. Correr nove, dez e meia da manhã já não era tão prudente. O peito, no osso esterno, já não doía por "esforçar" tanto na respiração. Corria mais devagar. Era como se esse auto controle resolvesse muita coisa escondida que eu sabia que estava faltando.

Os exercícios e simetria de braço pararam os problemas de coluna. O "buraco" na lombar sumiu. A lesão por acidente de trabalho de 2009 havia melhorado 75%. Cheguei nas mãos dele todo quebrado e cheio de lesões; mas com troféus.

Se não nos encontrasse-mos, não sei no que iria rolar.

Agora na corrida o problema era outro; e o mesmo. Nervosismo! Isso eu não contei ao professor Marcos, só tinha que me livrar dele, porque estava difícil segurar os ânimos em toda a largada.






Enquanto eu relato o encontro com o primeiro professor de corrida fora do quartel, havia outro dilema; o de sempre: mostrar serviço, a obrigação de ganhar, e ver se pelo menos de alguma forma minha situação mudasse pra melhor pra pelo menos eu ter passe de ônibus pra poder fazer minhas corridas. No meu serviço vinha sim o vale transporte mas não se pode gastar nem pra mais nem pra menos. E outra: maios uma vez me sobe a maldita tarifa de ônibus e o povo campineiro nada faz! 


Só faço uma crítica ao pessoal "staff" da época que: além de reclamarem por trabalhar logo cedo, não tinham um pingo de bom senso e nem sequer passava na cabeça deles o que significa o esporte, a sensação dele e com certeza não tiveram empatia com boa parte das pessoas que ora choravam, ora se abraçavam, ora se superavam nas corridas que tinham na cidade. Me perdoe, mas não dá pra saber se a mulher de preto ali vibrou com minha chegada ou se estava zoando mesmo; porque sempre ocorre isso.


Querer buscar os caras na minha frente, em que acompanhei o queniano só até o km 2,5; numa corrida nova de percurso que beira o córrego e só com duas subidas curtas bagunçou a cabeça. Balançou bonito. E mais uma vez.... não ganho nada. Não estava ali só pra ser avaliado por um professor, que emprestou seu "polar" e coloquei no braço esquerdo. A causa era maior; ninguém estava percebendo. 


Eu só sei que terminei a prova furioso, mas feliz. Não foi, mais uma vez, o que eu esperava. Mas pensando que um dia melhoraria peguei minhas coisas e saí. O que eu achava que iria melhorar era as condições no atletismo assim que eu ganhasse uma corrida grande, porque de maneira subliminar era essa a impressão que se dava naqueles dias. Quem não tem entendimento disso falará outra coisa nada a ver. Estava desesperado.

Mas não tanto; apareceu este professor, já ajudou demais da conta.



Outra coisa que bagunçou a cabeça eram os conflitos: aprendizado na faculdade versus a vida real. Não me recordo se ele já tinha feito uma maratona e meia maratona, mas eu já fiz. Rolou uma discussão na faculdade meses depois da nossa "separação"; em que "não se pode dar aulas de "x-coisas" caso não as pratique". Ele me deu aulas e dicas de corrida mas não fez maratona. E deu dicas de maratona. Eu confiei; e deu certo! E aí? 

Repito: não me recordo se ele já tinha feito uma maratona antes de me conhecer. Mas confiei nele. E outra coisa: se me orientou, orienta qualquer um! Eu era o mais confuso, perdido, revoltado, não aceitava a situação que eu passava de jeito nenhum e tinha argumentos e ele entendeu. Toda sensação nova ele tinha argumentos. Toda dúvida mais esquisita ele sabia conversar. Achar alguém que fala sua "mesma língua" e de igual pra igual era outra coisa. Vai ver nem todos servem pra ser professores. Ele foi eficaz. Diferente de eficiente. Resolveu o problema de uma vez. O meu problema era FALTA DE ORIENTAÇÃO. 



Me pergunto até hoje porque esse cara só foi aparecer na minha vida em 2011. Poderia ter vindo em 2006.

Vida longa ao Marcos Almeida.
Assim desejo.
É o que me recordo; e sou capaz de falar todos os conselhos dele um a um aqui.


Agradeço a atenção!
Vida longa a todos!

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