85ª Corrida Internacional de São Silvestre


17h00 - 31/12
Esperei por muito tempo até chegar este dia.

Boldrini - TVB - Integração - República. 


O projeto inicial era correr só 4 corridas, a República foi, por querer, em última hora. Então seriam 5 corridas usando o ferro de 10 kg. 
Confirmei o que tinha que confirmar. Já estava seguro de meus atos. Não tinha mais volta.

Sabia que seria uma loucura; uma correria danada. Um balacobaco do cacete. Um reboliço, talvez.

Bom saber que investir em vitaminas pra melhorar a memória deram certo. Suspeitava que corridas melhoram o raciocínio lógico e fazem o cérebro trabalhar melhor. Fiquei praticamente um ano inteiro pensando nesta logística; de como ir, correr e vir para casa levando o ferro de 10kg como treinamento!

O planejamento havia sido feito um ano antes; na São Silvestre de 2008 (clique/confira aqui). Pensei em tudo. Não havia esquecido de nada. Por fazer a mesma coisa sempre, não era pra nada dar errado. Mesmo assim, tinha que ficar alerta; é número de peito que não prende, o chip na bolsa... essas coisas.

A adrenalina aumentava a cada dia que 31/12 se aproximava. Foi impressionante!


Dias antes
O ônibus da Cuca, fretado, foi usado e procurei saber. Fui com o pessoal, combinando; saindo daqui da cidade se não me engano entre 12h e 13h.


Partindo
O pessoal já me conhecia de vista. Mas quando entrei e coloquei o ferro no bagageiro de mão; o ônibus fez silêncio. Tentei entrar e sentar discretamente no banco; só que campineiro tem uma mania muito esquisita de arregalar os olhos pra todo passageiro que entra no ônibus. É impressionante! Como entrar discretamente? Só sendo invisível! Mas enfim. O intuito era entrar primeiro no ônibus e sentar no fundo; ou ser o primeiro no banco e ficar de boa. Mas não deu certo. Tava tudo ocupado. O jeito era entrar. Não me fizeram perguntas mas creio eu ter botado medo no veículo inteiro. 

Quando ele tremeu, respirei fundo, alegre, virei a cabeça e dormi. Faltava pouco pro meu objetivo. Algumas horas e eu imaginava acabar e voltar pra casa. 


Na corrida
O de sempre; já fui para o meu lugar, pronto. Já havia me preparado antes. Tudo estava no lugar. A alça improvisada que segura a barra pela argola coloquei dobrada no bolso. Não cairia no chacoalhar do calção. Enfim, era só esperar a largada. Não me recordo de mais nada de diferente. 



LARGANDO
Se clicar na foto, pode reparar que eu estou com a barra levantada para cima, e fiz isso; no caminho antigo; desde o pórtico de largada até a primeira curva a direita, descendo o cemitério. 


O resto, a partir daquela hora, era só correr!
Rolei a música e deixei a "vibe" fazer o resto.





Boa parte das fotos foram tiradas na avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Não me recordo se foi porque me desviei das pessoas e esqueci das fotos ou se não haviam muitos fotógrafos no percurso. Mas na avenida deixei muitos para trás. 

Fiquei em evidência.

Há uma "mágica" na corrida: pessoas agitam e gritam alto quando aparece alguém que chame a atenção. Um fantasiado; um senhor; um deficiente.... pois é. O único erro meu até hoje foi de não ter desligado o mp3 quando tive chance. [E só depois de anos e anos fui perceber se realmente eu era dependente de música para correr. Foi outra adaptação que aprendi sozinho.].



Independente disso; a galera viu. Ah, viram! Presto atenção nas fotos e nos rostos em relação ao corpo. Estão em direções diferentes. Estavam me vendo. Me pergunto quantos eu motivei naquele dia. Me viram com um ferro pesado (ou se supõe que é pesado) subindo mais rápido de quem não tem o peso! 

Fazer o que ninguém faz. Este era meu objetivo desde o ano passado.




Antes de acabar, na reta final; perguntavam, pediram pra levar, até veio um sem noção e deu uma "carada" no ferro... porque é cabeçudo mesmo.... mas nada grave. Realmente, motivei pessoas, algumas aceleravam o passo. Outras resistiram. Muitos concluíram com minha ajuda. Nunca vou saber quantos. Mas creio eu que concluíram.

Percebi, anos depois, que há um abismo gigantesco entre praticantes e atletas. Na minha cabeça eu achava ser um mero praticante; por não ter instrução nem acompanhamento suficiente que me esclarecesse. Vai ver ser atleta envolvia outras questões; não só a auto-superação, mas levantar aquele que já se perdeu ou tem medo de dar um passo a frente. 

Como se as pessoas desejassem um herói em suas cabeças. É o mais próximo que dá pra definir. Mas meu objetivo era o de cumprir o que eu mesmo prometi a mim mesmo. E estava quase conseguindo. 

E consegui!

Acabei a corrida; procurei fotógrafos e me exibi mesmo! Haviam mais por aí, mas daqui pra baixo é só o que tenho.

Antes que digam que este raciocínio é estranho ou errado; em meu orkut vi jovens que postavam estar na delegacia por desacato e dirigir embriagados. Outros de fumarem narguilé sem saber o que significa. Outros postavam armas. Alguns indiretamente na minha rede.

Se eles postam coisas assim e "tem audiência", porque eu não postaria uma superação minha? Porquê auto-reprimir? Me esconder? Já vivi reprimido e segregado na escola, igreja, vendendo bala... o pecado foi ter nascido negro neste país esquisito que outrora servi de "verde-oliva".

Nada melhor pra destruir tabus, é reagindo CONTRA ELES!








Quando fui embora, outro desejo apareceu na minha cabeça: "quem faz quinze quilômetros, não faz QUARENTA E DOIS"?

Virou o ano. 

Isso é tudo que me recordo.



Agradeço a atenção!
Vida longa para todos



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